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Quando assistimos um espetáculo de teatro não pensamos como o autor se inspirou.Acontece que, muitas vezes essa inspiração veio de um livro.
O Teatro surgiu no
Brasil no século XVI com o objetivo principal de propagar a fé cristã, e catequizar
os índios que aqui viviam.Sabe-se que o Padre José de Anchieta é considerado um
dos principais autores da época. O poeta e dramaturgo espanhol Federico García
Lorca afirmava que o “ Teatro é a poesia que sai do livro e se faz humana”.
A crítica de teatro da
Aplauso Brasil Kyra Piscitelli relata sua experiência com o mundo do teatro:
“Até hoje não me considero crítica de teatro, essa palavra causa aflição,
porque você ter esse poder de criticar, de apontar os pontos positivos e
negativos, é complicado”. Para você poder ser crítico, é necessário ser
expectador.
Foto: Jaqueline de Lima |
Kyra, ao dar dicas para
futuros críticos, foi direta: “Em primeiro lugar a pessoa tem que ir muito ao
teatro, é preciso saber um pouco de tudo da cultura, pois tudo na vida exige
dedicação, já que vai julgar o trabalho de alguém você precisa assistir um
espetáculo, entender sobre o que está falando, saber que o crítico não sabe
tudo e não ter preconceitos.”
Perguntando para Kyra
se já mudou de opinião após fazer uma crítica, ela confirmou “Sim, já mudei de
ideia e é válida essa mudança, pois a crítica é um ponto de vista e não uma
certeza, é necessário abrir espaço para o diálogo.” A crítica lembrou de uma
peça que fez duras críticas aos personagens por serem novos, e a forma como a
peça foi apresentada não agradou,sendo que o texto era bom; então ela conversou
com o autor da peça explicando que ele deveria ter explorado esses atores de uma
forma diferente.
Quando o Cinebook
perguntou qual livro ela gostaria que fosse adaptado para uma peça, Kyra
disse que era uma pergunta difícil de responder, porém falou sobre sua paixão
por um autor brasileiro “ Eu sou fascinada por Machado de Assis há muito
tempo, e eu sempre brinco com meus amigos que um conto dele daria uma ótima peça
de teatro: A Igreja do Diabo, um conto que eu adoro; Nele o Diabo percebe que
as pessoas gostam de fazer o mau então resolve dizer a Deus que vai abrir uma
igreja onde tudo é permitido, o Diabo enriquece, porém com tempo as pessoas
começam a fazer coisas boas escondidas dele, ao descobrir fica com raiva porque ele oferece para as pessoas
o que é proibido e mesmo assim elas o traem, com isso ele vai novamente falar
com Deus e em resposta ao Diabo Ele diz: bem vindo a eterna contradição humana
finalizando o conto”. A crítica deixou
claro seu desejo de adaptar todas as obras de Assis em peças teatrais.
“Eu gosto do teatro quando
é teatro, o livro tem uma magia que é importante porque te faz imaginar coisas
não vividas, cada arte tem sua magia e o livro é mais imaginativo, mas você consegue
trabalhar mais a imaginação no teatro.” Afirma Kyra.
Muitas vezes teatro e
livro percorrem caminhos inversos, o que teve origem nos palcos também pode
virar livro, como é o caso da peça Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente e Vestido
de Noiva de Nelson Rodrigues.Entre tantos outros, não é de hoje que os dois
caminham juntos. Afinal de contas literatura e teatro são ligados.
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